quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sobre o aborto

Em uma noite dessas estava eu andando de moto e como o caminho era longo, fiquei pensando em algumas coisas, e sei lá porque, comecei a pensar no aborto. Este sempre fora um assunto que eu nunca tive uma opinião concreta a defender _ talvez porque eu seja homem, e não engravide, mas enfim, não é do tipo de lógica que se possa alegar nestes casos.

Lembrei daquelas cenas de manifestantes fazendo passeatas contra o aborto.

Só fazendo uma vírgula, a palavra manifestantes para mim normalmente significa: imbecis demagogos e ociosos. Um bando de acéfalos com placas, sem causa para defender _ defendem as causas vendidas por órgãos de imprensa e pessoas da comunidade ou igrejas. Tipo no caso da menina Isabela... meu, é foda que uma menina foi jogada pela janela, mas sabemos que só fez o barulho que fez porque era uma família de classe média. A mídia produziu e vendeu a noticia direitinho. Temos exemplos de crimes bem piores que esses, e não são veículados dessa forma _ tipo notícias dos padres pedófilos, promotor assassino, crimes políticos e outros.

Apenas para não parecer radical, algumas manifestações tem sentido, mas o importante se elas mudam alguma coisa. Fazer barulho qualquer imbecil faz, o problema é fazer algo que mude o curso das coisas.

Voltando no assunto aborto, vou dizer logo de cara: eu sou contra o aborto com ressalvas, mas não contra a proibição dele.

Para falar no assunto, as pessoas primeiramente deveriam deixar um pouco as imbecilidades religiosas de lado. Sem esse papo de santidade da vida, que a vida é sagrada, que deus castiga, que é pecado e etcetera. Colocar seres mitológicos nesse assunto é o primeiro, e mais preocupante sinal de imbecilidade.

Desprezando o lixo, vamos ao que interessa. As pessoas devem saber, a determinação do que é o nascimento, assim como a morte são resultados de convenções. Se o coração de alguém parar, a pessoa não é considerada morta, porém se o cerébro parar, a pessoa é considerada morta. Digo isso para pensarmos em uma coisa: em qual momento o aborto significa matar alguém ? Em qual momento há vida ? 6 semanas, 12 semanas, 19 semanas ? Depois do sexto mês ? ou apenas depois que sai da barriga da mãe ?

Se nem os médicos sabem exatamente quando há vida e o que ela de fato é, um semi-analfabeto ou pseudo-intelectual também não são capazes de dizê-lo.

Não havendo uma resposta a este primeiro questionamento, vamos sei lá, supor que a vida tem início após o terceiro mês da gestação.

Vamos atacar agora outra coisa: para que o aborto ?

Creio que na maioria das notícias que se lê, a causa principal de querer o aborto, é quando há qualquer risco para a saúde ou a vida da mãe e má formação do feto. Há outros casos como estupro e quando a mãe não tem condições de criar o bebê.

Aborto por não ter condições de criar é complicado... vem aquela maldosa pergunta na cabeça: porque foi abrir as pernas então ? Dinheiro para a cachaça tem, mas para a camisinha nada né?!

Sobre o estupro, eu acho que a decisão deve ficar sempre, e somente com a vítima. Ninguém está no lugar dela, ninguém sabe a dor que esta pessoa está sentindo, logo, ninguém deve dizer o que ela tem que fazer. O Estado deveria dar a ela acompanhamento psicológico para que ela consiga decidir.

Sobre os riscos à saúde da mãe, é indiscutível, a mãe deve ser salva.

No Brasil hoje é permitido o aborto quando há risco à vida da mãe, e estupro. Está correndo um projeto de lei, com a intenção de impedir até mesmo o direito de aborto em caso de estupro. Feito por dois deputadOs.

As correntes que mais querem a proibição sob qualquer circunstância, normalmente são pessoas com pouco estudo, católicas e com pouca renda. A mídia também não ajuda muito, os veículos de massa preferem mais criar seus casos do que falar de assuntos desse tipo, que acabam se limitando a revistas e jornais _ não lidos pela maioria das pessoas. E quando a tv decide mostrar algo, mostra histórias de mães que evitaram o aborto, e o filho sobreviveu. Ah, mas eles só esquecem de dizer os milhares de casos onde as mães morreram porque decidiram manter a gravidez mesmo sob risco.

Impedir o aborto pela lei, aumentará o problema que já se tem: quando uma mulher quer abortar, seja por medo, falta de dinheiro, pressão do parceiro, da família ou qualquer outra coisa, ela vai encontrar um meio de fazê-lo. Senão houverem clínicas que permitam que ela faça, fiquem preocupados, porque alguma forma que irá prejudicar a vida dela ela irá encontrar. Ou talvez ela não faça, mas assim que o bebê nasce, ela o joga em uma lata de lixo e depois todos se perguntam como alguém poderia ter tanta coragem ou covardia, sei lá.

Não estou dizendo, que é justo, que a mãe está certa. Só estou dizendo que proibir pode criar um problema maior, do que sentar e tentar achar meios melhores de resolver a questão.

Se a igreja católica ou qualquer outra é contra o aborto, façamos o seguinte: a mãe tem o filho. Se ela morrer a igreja indeniza a família; se o filho for resultado de um estupro, e a mãe não querer, deixa-o com a igreja; se a mãe não tem condições de bancar as despesas do filho, a igreja banca.
Ou o estado, se este proibir através da lei.

Outro problema, todos falam do aborto o tempo todo, do respeito a vida. RESPEITO A VIDA ??? Vão a merda hipócritas, depois que estas crianças nascem e crescem ninguém se importa com elas. Respeito a vida... não brinquem comigo. Há um monte de pessoas vivendo nas ruas, comendo lixo, desamparadas e alguém se mobiliza ?

Convenhamos, há muitas pessoas que caíram na marginalidade porque quiseram, e talvez seja esta a única desvantagem que têm sobre um recém-nascido. Estes ainda não tiveram sua chance de vencer (seja lá o que for isso), ou seguir o mesmo caminho.

Falar de aborto exige-se mais do que simplesmente sentimentalismos, exige coerência. Uma pessoa que prejudica a vida de outras a custas de seus próprios interesses, por exemplo, não é digna de opinar, de dizer o que é respeito a vida. Deve-se cubrir no seu manto de repugnância e viver nas sombras, e deixar questões importantes como estas nas maõs de pessoas que realmente dão valor à vida. Não falo de mim e nem de ninguém em especial, é para quem _ como diria a vovózinha _ a carapuça servir.

Boa noite o/

indicação: Aborto em Debate (é um pouco feminista e talz, mas tem umas matérias legais e até imparciais)

3 comentários:

Diego F Baptista disse...

Dedo na cara, e doa a quem doer! Gostei da postura do autor no post, um desabafo SINCERO e realista, pois também sou contra os falsos moralistas e defesonres dos "direitos a vida". O interesse deles está relacionado apenas ao nascimento da criança, "porque todo feto tem direito a vida", mas e depois que nasce, e a vida miseravel, sem comida, abrigo ou afeto. Dai estes moralistas dizem o que? Que é culpa da sociedade!? Falo isso porque eu já vi vários moralistas defenderem o direito a vida antes do nascimento, e depois ninguém quer se responsabilizar por este novo ser que teve direito ao nascimento, mas não possui o direito de viver uma vida digna... Não sou a favor de aborto em quaisquer circustancias, mas no caso de estrupo e falta de condições de criar a criança, sou a favor sim, e doa a quem doer

Tamys disse...

uam mulher, com seu filho no colo, foi pedir conselho a um amigo.
- estou gravida de novo, não tenho condições de criar meu filho e não tinha planos de engravidar...

o amigo responde:

- certo, realmente, criar um filho em condições precarias é muito complicado, ainda mais quando não foi planejado (e pensou: também não planejou ir buscar a camisinha ou pilula de graça no postinho). Então faça um aborto! Aborta a criança que esta no seu colo! se ela fugir... pode tentar viver em outro lugar, se alguem te impedir, vc pode dar a criança.. é uma exelente solução!!

a mulher:

- NÃO! MAS ESTE É MEU FILHO!!! NÃO POSSO FAZER ISSO COM ELE!

seu sabio amigo responde:

- ora! mas este que está dentro de vc também não é seu filho!?!?! alem de ele n ter escolhido estar ai.. ele n tem chance alguma de defesa! diferente deste que esta no seu colo!





então... deixei clara minha opinião?
se vc n quer um filho ou n pode criar, não faça ele!
um vida em potencial não pode pagar o preço pela burrice das pessoas.

e acredito q se foi estupro, é foda pq sera uma recordação, neste caso tenha o filho, se n conseguir ama-lo, o q axo mtoooo dificil, entregue para adoção!

uma bacteria é um ser unicelular, sem sistema nervoso, sem coração, sem cerebro, e n deixa de ser um ser vivo. Da mesma forma um zigoto (ovulo+espematozoide), ja eh um ser vivo. Não que eu me importe em usar alcool em gel, mas sim, eu respeito a vida. ;]

Ricardo Filho disse...

nossa que historinha massa =D

bem isso mesmo que vocês disseram, há casos e casos. Burrice não é desculpa para acabar com uma potencial vida ...